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sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Quanto a linguagem...

Explicando um pouco mais a proposta do “Longa de Curtas”...
Já havia comentado, em um post anterior, a respeito do trabalho com os atores (Gessé e Débora), nesse texto quero fazer algumas explanações quanto a linguagem do filme. Nossa proposta, e desafio, é fazer com que cada curta-metragem tenha um tratamento único dentro do filme. A idéia é trabalhar uma estética diferente em cada uma das estórias, de acordo com a especificidade de cada gênero abordado. Isso requer um trabalho, mais do que nunca, conjunto entre os departamentos que influem no visual do filme. Para cada curta se faz necessária uma pesquisa com base nas escolas cinematográficas, pesquisa essa de de estilos; de direção, fotografia, arte e montagem, e somando ainda a essa pesquisa os referenciais fílmicos contemporâneos de cada um. Também estenderemos a proposta para a parte sonora do filme, um “prato cheio” para o desenho de som e trilha sonora poderem explorar as milhares de possibilidades que a fase de finalização proporciona.
Tentaremos, na medida do possível, manter a mesma equipe por todo o filme. O intuito é, além de criar entrosamento, poder-mos avaliar a evolução de cada um dentro do processo. Ninguém está recebendo cachê, todos estão participando, imagino eu, porque gostaram da idéia. Acho que esse é o cachê da equipe, “a experiência”. Conviver com o mesmo grupo de pessoas por meses, filmar em vários lugares diferentes, com estórias diferentes e personagens diferentes, fazer parte dessa coisa meio república, cigana, esquizofrênica, que é uma equipe de filmagem independente.

A equipe...

Falando um pouco da minha escolha de direção do primeiro curta...
Nesse primeiro curta/episódio optei por filmar todos os planos com câmera na mão, não só porque gosto de câmera na mão, mas por um motivo especial. Cada escolha do diretor é dramática, em dois sentidos; dramática para ele, que é quem tem que escolher onde vai a câmera e se ela se movimentará, e com o se movimentará, e para o filme, já que toda escolha de direção influencia diretamente na dramaticidade da cena. Escolhi a câmera na mão pela mobilidade, e pela característica documental/jornalística, que anda meio desgastada pelo excesso de uso. Ensaiei bastante com Gessé e Débora já na locação onde filmaríamos, isso ajudou muito pois já ensaiamos além do texto, a marcação deles em cena. No dia de filmar eu, Gessé e Débora estávamos sincronizados como um relógio (rolex dos bão!), aí era a hora do meu brother Antônio Jr (Diretor de Fotografia) começar a trabalhar. Expliquei para ele que queria que a câmera se movesse como se estivesse perseguindo as personagens, a idéia era camuflar a previsibilidade da movimentação em cena, filmar como se não soubesse qual era o próximo passo do ator. Acho que fomos bem sucedidos nessa “improvisação ensaiada”. Esse primeiro curta segue uma linha de comédia romântica (mais ou menos...), nesse sentido ele foi decupado de forma a dar agilidade as cenas, planos curtos e enquadramentos fechados em maior quantidade do que o normal, lembrando um pouco a linguagem de tele-filmes. Para fugir do clichê de iluminação de comédias românticas, que é uma “luz lavada horrível”, optamos por uma fotografia mais escura e contrastada; mas isso quem pode comentar melhor é o Antônio...
Fui!!! Como diria o coelho da warner “Por hoje é só pessoal”.

Bruno de Oliveira (diretor)

Um comentário:

Thaisa disse...

fiquei curiosíssima com esse longa de curtas! o que me chateia é o difícil acesso a essas centenas de vídeos produzidos por equipes independentes. há um ano tive o privilégio de assistir um documentário sobre a vida de mulheres que têm seus companheiros, maridos presos em penitenciárias. a equipe de filmagem tb era independente, o filme era ótimo, mas até hj não encontrei meio de localizá-lo e prestigiá-lo novamente.
mandem e-mail quando forem lançar o filme! e sucesso nas próximas filmagens...
:-)
PS: babisa_schmae@yahoo.com.br