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sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Fazer cinema, um aprendizado a cada dia...


fotos. Rosano mauro jr

Fazer esse filme, ainda sem nome, vem sendo uma experiência imensamente interessante, especialmente para mim. São vários os motivos mas vou tentar resumir aqui. Primeiramente por trabalhar com diálogos, uma novidade para mim, como o Gessé disse no post anterior “Como é importante discutir e pensar os detalhes e intenções que recheiam um texto. Criar o que não está escrito é bem divertido”. Esse trabalho de esmiuçar um texto descobrindo aos poucos o que as palavras, ou o espaço entre elas, querem dizer, é muito instigante, ter o prazer de descobrir coisas que talvez nem o próprio roteirista ao escrever tenha se dado conta. Nos meus filmes anteriores as estórias eram contadas quase que totalmente através de imagens, com pouco ou nenhum diálogo, logo o processo de direção se tornava impositivo,a estética ditada as regras da narrativa, cada posição de câmera era sagrada. Nesse filme estou buscando roteiros construídos em cima dos diálogos e deixando o texto me levar, durante os ensaios cada cena vai conduzindo a direção naturalmente para um tipo de abordagem, a decupagem surge naturalmente, de forma fluída. Estou me sentindo mais a vontade com esse processo, é muito mais prazeroso do que se debruçar sobre uma mesa para decupar um roteiro sem vida.
Gessé Malmann

“Dar vida ao roteiro”, isso me leva ao segundo motivo pela satisfação em realizar esse trabalho, a direção de atores, outra área em que eu havia me aventurado pouco nos filmes anteriores. Nessa empreitada de fazer um Longa de episódios me propus o desafio de trabalhar roteiros que fossem essencialmente focados nos atores, o chamado “filme de ator” (não confundir com filme de autor que é um assunto que causa muita polêmica). E para uma primeira vez indo mais a fundo nesse processo estou bem satisfeito com o resultado, e devo isso e agradeço, a Gessé Malmann e Débora Vecchi, essa dupla de atores dedicada e corajosa que topou interpretar diversos personagens dentro de um mesmo filme, não é tarefa fácil.
ensaio...

Em nossas conversas aprendo não só sobre interpretação, mas também sobre a vida em vários aspectos, sob outros pontos de vista. Nós três somos bem diferentes uns dos outros, e isso acrescenta muito nas discussões sobre o perfil das personagens e as peculiaridades de cada estória. O tema geral do filme é “relacionamento” ,logo o próprio tema nos leva a visitar nosso passado, remexer nas feridas, e relembrar os conflitos por nós vividos, repensar os “porquês” e “como” as relações começam e acabam, e nesse processo acredito estarmos fazendo não só um filme, mas também uma viagem pelo auto-conhecimento e por um entendimento maior desse animal tão complexo que é o ser humano.


Bruno de Oliveira (Diretor)

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